sábado, 18 de outubro de 2014

"Tinha que haver um sindicato dos lutadores porque não deviam lutar por tão pouco" Entrevista mestre Alexandre Pequeno

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ENTREVISTA n. 25
Alexandre Nogueira (Pequeno)
Mestre de Luta Livre


Amigos,



O maior campeão da Luta Livre Esportiva nos ringues de MMA.

Pronto, eis aí está tudo dito. Este é o meu entrevistado de hoje, Alexandre Nogueira, ou como é conhecido no Mundo da Luta, Pequeno, Alexandre Pequeno.


Há muito tempo eu estava tentando fazer esta entrevista, finalmente em setembro chegou a ocasição e pude conversar com este grande mestre que já muito jovem escreveu seu nome com honra e humildade nos ringues japoneses do Shooto e até hoje continua fazendo-o em outras partes do mundo.


Antes do treino em uma de suas academias, a de Higienòpolis, Zona Norte do Rio de Janeiro, ele  falou-me sobre o seu encanto precoce pela Luta Livre, nos tempos da temida SECAN do grande mestre Eugênio Tadeu, na Urca, sobre sua obstinação em agarrar a primeira e desafiadora oportunidade de profisisonalização nos ringues Japoneses. 


Meus agredecimentos ao mestre Pequeno, por haver recebido-me, aos seus alunos por haverem permitido a sessão fotográfica e aos mestre João Marcelo (Sansão) e Vitor Adauto por haverem novamente contribuído com sugestões e com pesquisa prévia para entrevista.


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    1.  SÓ CASCA!  – Mestre, sou muito grato por aceitar o convite do Só Casca ! Fale um pouco de como começou tudo.
2.  Alexandre Pequeno – Perfeito, um prazer. Eu comecei em 1992 com o mestre Eugenio Tadeu na TV Tupi, lá na Urca.

3.  SÓ CASCA! – Era a famosa SECAN? Ele já era famoso?
4.  Alexandre Pequeno – Sim era a SECAN e ele já era famoso pra caramba. No condomínio que eu morava na Urca, na av. Pasteur, dois amigos meus praticavam luta livre. Era o Andrezinho e o outro era o Dalh. Eu sempre via os dois comentando, falando que treinavam Luta Livre, até que um certo dia eles me levaram para conhecer. Chegando lá fiquei encantado, com as quedas, as finalizações. Logo no dia seguinte eu me matriculei e  comecei a treinar com o mestre Eugenio Tadeu.
 
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5.  SÓ CASCA! – Tinha quantos anos?
6.  Alexandre Pequeno – Tinha doze anos.

7.  SÓ CASCA! – Mas, tinha gente nova como o senhor ou só cara grande?
8.  Alexandre Pequeno – Só cara cascudo...

9.  SÓ CASCA! – Não quis nem saber?
10. Alexandre Pequeno – Já entrei no meio dos leões não quis nem saber.
 
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11. SÓ CASCA! -  O Cromado estava lá nesta época?
12. Alexandre Pequeno – Estava, ele era faixa laranja o formiga também.

13. SÓ CASCA! – E o JOP?
14. Alexandre Pequeno – Não.

15. SÓ CASCA! – O Jop era outra turma...
16. Alexandre Pequeno – É, outra academia de Luta Livre. Mas, tinha vários outros, a equipe era grande pra caramba. Lá recebi o apelido de Pequeno. O Pequeno no meio dos grandes.
 
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17. SÓ CASCA! – Treinava, estudava, trabalhava, como era?
18. Alexandre Pequeno – Eu estudava na parte da manhã, no Colégio Minas Gerais, ele fica na av Pasteur. Treinava na parte da manhã, estudava das 12:30 às  18:00hs e depois ia para academia. Treinava duas vezes.
 


19. SÓ CASCA! – Nessa época havia torneios de Luta Livre? amadores?
20. Alexandre Pequeno – Sempre quem organizava os  torneios de Luta Livre era o Jop. Eu cheguei a participar de um em 1992, participei da Copa Jop, foi meu primeiro campeonato, depois de 3 meses de treino de Luta Livre.
 
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21. SÓ CASCA! – Onde?
22. Alexandre Pequeno – Foi lá na Academia do Miúdo, ali no Centro do Rio.

23. SÓ CASCA! – Era no Boqueirão não, né?
24. Alexandre Pequeno – Não. Era na Academia Santana.
 


25. SÓ CASCA! – Então quer dizer que eram só torneios amadores, nem passava pela sua cabeça lutar no exterior. Menor noção de lutar e ser famoso?
26. Alexandre Pequeno – Não mesmo, era só um hobby, ainda mais que eu fazia caça submarina. Era só uma diversão para mim. Não tinha intenção de me tornar profissional. Vários amigos faziam, levei vários outros amigos para treinar e assim a coisa foi indo numa direção que eu jamais podia imaginar. Meu irmão, pequenino, tinha uns 7 anos, até dormia no tatame vendo os treinos.
 


27. SÓ CASCA! – Enfim, como chegou até o momento de se profissionalizar, como isso aconteceu?
28. Alexandre Pequeno – Bem, estava vencendo vários campeonatos amadores de Luta Livre e isso repercutiu muito no Japão. Eles acompanhavam isto. Aí os japoneses, me convidaram para lutar.
 
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29. SÓ CASCA! – Mas, lá não era Luta Livre esportiva, era MMA?
30. Alexandre Pequeno – Era MMA.

31. SÓ CASCA! – Mas, aqui com o mestre Eugênio Tadeu, treinava MMA com trocação?
32. Alexandre Pequeno – Não, eu já treinava, porque na academia do mestre Eugênio Tadeu já treinávamos MMA desde do início, com um mês de academia ele colocava o aluno para fazer Vale Tudo. Tinha dia que éramos sparing dele. Havia dias em que ele treinava com uns 15 caras e eu estava no meio para ajudá-lo.
 
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33. SÓ CASCA! – Antes de continuarmos nessa questão de seu início no MMA profissional no Japão, me responda se é verdade que na preparação do mestre Eugênio para a luta com o Renzo Gracie o senhor foi o único que sobrou como sparing? Ouvi falar que havia um monte de gente no início, mas no final só o senhor aguentou isso...
34. Alexandre Pequeno – Tinha muita gente lá que era sparing do mestre Eugênio. Geralmente os caras aguentavam uma semana, na segunda já estavam pedindo para parar porque não aguentavam  o ritmo  de treinamento dele. Porque ele massacrava todos os alunos. Ele queria ser campeão de qualquer jeito, queria vencer o Renzo. Estava dedicado, treinando todos os dias. Quando chegou no final do treinamento, muito gente indo embora só eu que fiquei com Cromado e aquele rapaz que venceu o Crézio de Souza, o Ninja, tinha também o Andrews que era duríssimo que ajudou muito na preparação do mestre Eugênio.

35. SÓ CASCA! – Nessa época qual era o seu grau na Luta Livre?
36. Alexandre Pequeno – Era faixa marrom.
 
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37. SÓ CASCA! – Bom, continuando, o senhor estava falando sobre seu início profissional no Japão... era o Pride ou o Shooto?
38. Alexandre Pequeno – Era o Shooto, o evento mais conhecido do Japão. Nessa época acho que nem existia UFC, Bellator. O evento que reinava era o Shooto Japão. Recebi o convite, aceitei, minha primeira estreia no MMA. Tinha recebido uns convites para lutar, mas no evento que iria lutar no Espírito Santo a pancadaria comeu, o evento foi cancelado e não pude participar.
 


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39. SÓ CASCA! – Como foi ir para lá? Ansiedade, administrar isso? Quem era o cara?
40. Alexandre Pequeno – O cara que eu lutei, ele tinha 30 anos e 33 vitórias, já havia lutado contra o Royller Gracie, era o Asahi Noburo. Era um japonês cascudo, muito experiente e um ídolo no Japão. Eles me levaram para perder. Porque era aniversário do evento, eles convidaram todos os estrangeiro para os japoneses paparem, porque todos os estrangeiros que foram lá lutar, eram “comida” dos japoneses.
 
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41. SÓ CASCA! – Entendi, eles chamaram só pessoas que não tinham cartel, não tinham experiência porque na cabeça deles todos seriam aniquilados...
42. Alexandre Pequeno – Isso. Que íamos perder rapidinho.

43. SÓ CASCA! – Mas, não chegaram a formalmente pedir isso? O perfil dos lutadores que buscavam, as exigências que faziam, levavam a crer essa intenção.
44. Alexandre Pequeno – Não, os organizadores do evento nunca pediram isso para mim ou qualquer outro lutador para perder. Mas, como você sacou, as exigências indicavam o que eles estavam procurando. Por exemplo, eles queriam gente que nunca tivesse lutado MMA como profissional, enfim, não tivesse nenhuma experiência.
 
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45. SÓ CASCA! – Entendi e como foi?
46. Alexandre Pequeno – Aconteceu foi o seguinte, a última luta era a minha com o Asahi Noburo que era o detentor do cinturão do Shooto e o número 1 do Japão. Todos que lutaram contra os japoneses, lutadores de várias nacionalidades, simplesmente perderam. O que aconteceu é que botei ele para dormir com pouco mais de um minuto de luta.
 
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47. SÓ CASCA! -  Qual técnica usou?
48. Alexandre Pequeno – Uma guilhotina, dali começou a minha história nessa técnica.
 
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49. SÓ CASCA! – Puxou para chão e fechou a guilhotina?
50. Alexandre Pequeno – Começamos na trocação, eu nem sabia lutar muito na trocação, me movimentava muito mal, de um lado para o outro, não tinha a...
 
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51. SÓ CASCA! – A fluência da coisa.
52. Alexandre Pequeno – Isso, aquela tarimba toda de MMA e consegui em pouco tempo finalizá-lo quando ele tentou entrar nas minhas pernas, encaixei a minha famosa guilhotina.
 
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53. SÓ CASCA! – Nessa hora o que aconteceu na sua cabeça?
54. Alexandre Pequeno – Olha, eu não pensei muita coisa não, mas dava para notar que foi um choque para os japoneses. Eles pareciam estar perplexos, sem entender o que havia acontecido e tão rápido. Como que um campeão japonês perdeu para um amador? Ele era muito forte, achei que ele ia me comer vivo, o que eu estou fazendo aqui? me perguntei no início da luta.
 
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55. SÓ CASCA! – Mas, ao menos antes, o que passava pela sua cabeça?
56. Alexandre Pequeno – Eu via aquilo como uma oportunidade única, eu tinha o apoio de meu pai e minha mãe. Tudo que eu precisava. Era uma chance única, uma em um milhão. O João Alberto Barreto, o manager, ele chamava todos os lutadores para ir lutar no Japão, havia me chamado. Era um sonho mesmo que eu estava vivendo. Todos a minha volta me incentivavam afirmando que eu podia começar um carreira a partir dali.
 
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57. SÓ CASCA! – O que aconteceu em seguida?
58. Alexandre Pequeno - O que aconteceu logo em seguida é que os japoneses marcaram um luta pra mim, a segunda luta. Acredito que para eles estudarem minha técnica, porque eu ganhei do campeão japonês em pouco mais de um minuto. Eles ficaram horrorizados com isso. Então me deram um outro japonês, era o terceiro do ranking, o Masahiro Oishi. Nesta luta eu não tinha muita estratégia de como perder peso. No dia da pesagem eu almocei, quando fui me pesar, notei que havia passado e muito da margem. Eu precisava perder nada menos que 3kg em um dia.
 
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59. SÓ CASCA! – Lutou fora do peso? Pagou multa?
60. Alexandre Pequeno – Não, como eu tinha ainda algumas horas antes da pesagem oficial, nem pensei em desistir, eu simplesmente, sai naquele frio absurdo de mais ou menos 3 graus e corri, corri para perder peso pelas ruas da cidade em que eu estava no Japão.  Muito frio, muito mesmo. Como eu não estava acostumado a correr tanto assim, eu ferrei os dois joelhos. Caramba, já era, pensei, mas resolvi lutar assim mesmo. Na luta o japonês fez um jogo duro, tentei entrar nas pernas para quedar, mas ele, ligado, defendia. Continuei tentando até consegui derrubá-lo passando para as costas encaixando um arm-lock onde finalizei. Isso com 3 minutos de luta, os japoneses continuavam loucos. Logo após esta luta marcaram a revanche com o Oburo Asahi que era o primeiro do ranking até o dia em que eu cheguei no Japão. Veio bravo pra caramba, outra estratégia, muito forte, foi uma luta duríssima.
 
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61. SÓ CASCA! – Teve trocação?
62. Alexandre Pequeno – Teve trocação, em cima, embaixo, no segundo round eu consegui pegar na mesma posição...
 
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63. SÓ CASCA! – Na guilhotinha...
64. Alexandre Pequeno – É na guilhotina, mas desta vez ele não quis bater de jeito nenhum e dormiu. Eu apertando, apertando e nada de desistência do japonês ou paralisação do árbitro. Eu apertava e nada, eu gritava “dormiu, dormiu!” e o árbitro nada, até que eu soltei. Ele ficou mal pra caramba saiu de maca e tudo...
 
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65. SÓ CASCA! – Por que não quis desistir?
66. Alexandre Pequeno – Isso, não quis desistir, no Japão é desonra você bater, eles preferem quebrar ou dormir que bater.
 
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67. SÓ CASCA! – O antigo código samurai...
68. Alexandre Pequeno – Isso ele resiste ainda.
 
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69. SÓ CASCA! – Ao todo foram quantas lutas no Shooto?
70. Alexandre Pequeno – O Total foi mais ou menos umas 22 lutas.
 
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71. SÓ CASCA! – Isso no período de quanto tempo?
72. Alexandre Pequeno – Isso no período de 7 anos aproximadamente.
 
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73. SÓ CASCA! – Como foi sua vida nesse período? Vivia no Japão com era? Ou a cada temporada ia para lá?
74. Alexandre Pequeno – Eu só ficava no Japão na semana da luta depois voltava para o Brasil.
 
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75. SÓ CASCA! – Ia para lá com quem? Mestre Eugênio? Tinha estrutura? Os japoneses davam estrutura, assistência?
76. Alexandre Pequeno – Os japoneses davam tudo, assistência, academia para treinar, sauna para perder peso. Era um estrutura fenomenal, era tratado como um rei.
 
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77. SÓ CASCA! – Ouvi dizer que havia até bonequinhos seus por lá?
78. Alexandre Pequeno – Sim, eu era, aliás, sou conhecido até hoje. Na época onde eu saia todo mundo me conhecia. Porque o evento lá, tem muito mais repercussão. Ele passava ao vivo no horário nobre, umas 20horas, todo o Japão assistia. As vezes os organizadores do evento não deixavam eu sair porque uma multidão me esperava para pedir autógrafo, camisa, me tocar. Era comum eu ficar horas e horas dando autógrafo.
 
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79. SÓ CASCA! – O que aconteceu com o Shooto depois disso? Ele veio para o Brasil, hoje em dia está com o André Pernedeiras, sabe explicar a história?
80. Alexandre Pequeno – Eles foram abrindo várias filiais no mundo todo. Ele veio para minhas mãos primeiro aqui no Brasil. Fui o representante do Shooto aqui no Brasil, cheguei a organizar junto com o Tunico que era meu professor de Muay Thai, dez edições. Depois os japoneses ficaram cobrando muito, exigiam mais edições de evento, queriam dez por ano. Mas, quem bancava o evento todo era o Tunico, a mãe dele bancava. Sempre saia assim 20 ou 30 mil de despesa para organizá-lo, era bancado pele mãe dele que fazia o cheque. Enquanto isso na bilheteria a renda era 1000 ou 2000 reais... gosta muito de organizar, mas tinha um custo muito alto.
 
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81. SÓ CASCA! – Ora, se até hoje em dia com a maior visibilidade desses eventos, graças ao UFC, a bilheteria continua pouca, imagine naquela época...
82. Alexandre Pequeno – É verdade, a bilheteria não pagava nem de longe o evento. Não rendeu enfim, paramos de organizar, um custo sem retorno financeiro, custo muito alto. Até que o André Pederneiras pediu para ficar de frente e nós fomos e entregamos o evento para ele.
 
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83. SÓ CASCA! – O Shooto ainda existe no Japão?
84. Alexandre Pequeno – No Japão foi o seguinte. Até eles perderem o patrocínio da Varig eles convidavam muitos lutadores. Porque uma passagem aérea para o Japão é muito cara, ainda tem a bolsa, hospedagem, alimentação e etc...
 
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85. SÓ CASCA! – Tinha seguro de saúde? de vida lá no Shooto Japão?
86. Alexandre Pequeno – Tinha seguro também, tinha para caso de falecimento, acidente, era de quase 100 mil dólares.
 
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87. SÓ CASCA! – Me diz uma coisa, não são todos, mas como você vê hoje no Brasil, a galera treinando, se matando para lutar MMA para subir a um ringue em troca de R$ 500,00 sob o pretexto de organizadores que lutador de MMA não ganha com bolsa de luta, mas com o cartel que constrói a visibilidade para patrocinadores? Enquanto isso o dinheiro, o grosso do dinheiro vai para organizadores através de patrocínios e até transmissões de tv.
88. Alexandre Pequeno – É fogo, né? Pagar uma merreca desta para os atletas...
 
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89. SÓ CASCA! – O senhor acha que há esperança disso mudar?
90. Alexandre Pequeno – Tinha que haver um sindicato dos lutadores aí porque os lutadores não deviam lutar por tão pouco. O fato é que a procura também está muito grande, o que prejudica por um lado a organização da coisa, todos querem participar, aí o promotor aproveita essa situação e joga “só tenho isso para te dar... vou te por na mídia... você vai aparecer no premier combat...”
 
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91. SÓ CASCA! – Já vimos lutas aqui no Brasil onde o corte do rosto do lutador é limpo pela própria camisa de seu técnico, nos intervalos do confronto, porque o organizador não oferece absolutamente nada! Isso acontecia no Japão?
92. Alexandre Pequeno – Nunca, lá fora era outra coisa, árbitro de luva, tudo bonitinho. O árbitro interrompia, o médico entrava, não podia sangrar no evento, tudo totalmente diferente daqui do Brasil. Se bem que lá há muito mais recurso, muito mais tempo de prática na realização destes eventos.
 
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93. SÓ CASCA! – Voltando a um ponto que estávamos falando, o que o senhor aprendeu vivendo no meio dos japoneses, o que ficou marcado em sua memória?
94. Alexandre Pequeno – Olha, a raça deles, a determinação impressiona qualquer um. Sem falar também que eles tem muita resistência. Eles procuram treinar até a exaustão, não treinam um round de 5 minutos, fazem um de 10, treinam uma hora direto. Aqui no Brasil só se faz 3 rounds de 5 minutos. Lá é tudo diferente, por isso eles são muito resistentes, eles aguentam pra caramba a pancada, ficam de pé lutando. Se fizesse dois rounds de meia hora eles aguentavam. São muito resistentes.
 
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95. SÓ CASCA! – Vamos falar agora do Mestre Eugênio, ele deu para o senhor a faixa preta no meio dessas lutas? como foi? na sua primeira luta ainda era marrom?
96. Alexandre Pequeno – Sim, eu era marrom, aí eu lutei a primeira vez no Japão em 1998, um ano depois lutei como marrom, a terceira como marrom. Todos me cobravam, “pô, como você não pegou a preta ainda? Por que o Eugênio não te dá a preta?”

97. SÓ CASCA! – Mestre Eugênio durão não cedia?
98. Alexandre Pequeno – Isso, o mestre Eugênio dizia “não! fica aí onde você está mesmo, com a marrom!”.

99. SÓ CASCA! – Essa espera durou quanto tempo?
100.         Alexandre Pequeno – Bom, o meu pai estava muito incomodado com a situação, mais ansioso até que eu. Não aguentava mais, ele dizia “como que meu filho não pega a preta? eu vou cobrar ele qualquer dia!”. Até que na quarta vez que fui ao Japão meu pai foi comigo no aeroporto. Quando chegou aqui no Galeão cumprimentou o mestre Eugênio e foi logo perguntando da faixa “quando meu filho vai pegar a faixa?”.
 
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101.         SÓ CASCA! – Na lata...
 102.         Alexandre Pequeno – Bom, aí o mestre Eugênio Tadeu, ficou irado com isso “eu é que sei, ainda vou ver isso...” respondeu o mestre, acabou o assunto ali, se despediu de mim e fui embora para pegar o voo. O mestre Eugênio ficou muito contrariado “como teu pai vai cobrar faixa? minha vontade era de quebrar ele na porrada!”, disse... fiquei assustado e falei na ocasião sem querer confrontá-lo “que isso mestre...? é o meu pai...”, mas não teve jeito, “vai pegar essa preta agora com outro...” foi o que ele me respondeu.

103.         SÓ CASCA! – Imagino que isso tudo deve ter sido muito difícil de administrar na sua cabeça na época, mas por outro lado quem somos nós para questionar uma decisão destas do grande mestre Eugênio Tadeu, não é? Ele tem lá os critérios dele, temos que respeitar. Mas, enfim o que aconteceu depois? Estamos falando de véspera de uma luta, não é?
104.         Alexandre Pequeno – Claro, eu gosto muito do mestre Eugênio, tenho muito respeito por ele, não pode haver dúvida quanto a isso. Mas, realmente este incidente ocorreu poucas horas de uma luta importante para mim. Para piorar ele ficou sem falar comigo a viagem toda, me deixou de lado no Japão, ele insistiu novamente ao chegar no Japão “agora tu vai pegar essa faixa com o Hugo!”. Eu fiquei um pouco desanimado com essas coisas que aconteceram e deixei a academia dele. Fui treinar com o Hugo e com ele consegui a faixa preta.
 
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105.         SÓ CASCA! – O Mestre Hugo onde estava nessa época?
106.         Alexandre Pequeno – Ele tinha uma academia na Rua São Clemente, na Power Gim.

107.         SÓ CASCA! – Então foi o mestre Hugo que lhe deu a preta?
108.         Alexandre Pequeno – Sim, ele fez uma reunião grande com muitos cascas grossa presentes: Denílson, o Cacareco, o Bigu aí o Hugo chegou e falou “não consigo entender esse caso do Alexandre Pequeno, tá nessa faixa marrom há muitos anos... ele tá merecendo a preta de qualquer jeito, quem que apoia ele pegar essa preta?” nessa hora todo mundo gritou “eu! eu!” assim eu recebi a minha faixa preta. Fiquei muito feliz, no dia seguinte coloquei a preta comecei a dar as aulas.

109.         SÓ CASCA! – Depois desse episódio glorioso do Shooto, no Japão, veio para o Brasil e atualmente com é a vida do Alexandre Pequeno? Dando aula, não luta mais, como é?
110.         Alexandre Pequeno – Eu comecei abrir as filiais das minhas academias. Hoje em dia eu tenho 32 filiais da minha equipe que me representam em várias partes do mundo. Tenho vários lutadores, faixa preta e vários outros que representam meu nome.
 
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111.         SC- Cite um que lhe representa...
112.         Alexandre Pequeno – Tenho o Ivan Pit Bull que é o peruano, agora ele está com uma academia imensa no Peru, meu faixa preta II grau ele também é organizador do evento INC FC, ele coloca vários atletas para lutar. Agora a luta livre esportiva cresceu muito fora do Brasil, conheci muitos lutadores pelo mundo.

113.         SÓ CASCA! – O senhor acha que a Luta Livre Esportiva está mais organizada lá fora?
114.         Alexandre Pequeno – Olha, aqui o Brasil é o polo, é a fonte, ainda mais agora com o Hugo Duarte que está organizando a federação. Ele está fechando com vários patrocínios...

115.         SÓ CASCA! – Tem a marca Venum ...
116.         Alexandre Pequeno – Isso a Venum está para organizar vários campeonatos. Eu particularmente, não posso deixar de frisar, sempre tive o apoio da Vitamins e Minerals, desde minhas lutas no Japão eles sempre acreditaram em mim, também tenho o apoio do JPX 33 uma marca veio com produtos para evitar calvície, por exemplo.

117.         SÓ CASCA! – O senhor vai participar deste evento de Grappiling que vai ocorrer em São Paulo,  o Campeonato Mundial Remach Grappiling?
118.         Alexandre Pequeno – Tinha planejado, mas eu me machuquei, quem vai me representar é o meu irmão, meu aluno Joil e outro aluno meu Nicolas Renier, meu faixa preta I dan.

119.         SÓ CASCA! – Fale sobre esse evento...
120.         Alexandre Pequeno – É um evento de Grappiling, ele é uma qualificação, os lutadores que ganharem terão vagas garantidas para as olimpíadas. Porque em 2016 estão querendo tirar o Wrestling das olimpíadas. Querem colocar o Grappiling no lugar do estilo livre, só vai ficar a greco-romana, o Grappiling e o judô.
 
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121.         SÓ CASCA! – Explique por favor as diferenças básicas do Grappiling para a greco-romana.
122.         Alexandre Pequeno – O Grappiling você pode finalizar e na greco-romana você não pode finalizar.

123.         SÓ CASCA! – E os torneios, quais os principais que participou este ano?
124.         Alexandre Pequeno – Lutei duas vezes no México e lutei no The Hill Fights em Gramado. No México fiz a primeira luta em 5 rounds contra um espanhol, ganhei por decisão dos jurados, já a segunda, também no México, ganhei no primeiro round com uma finalização por guilhotina. Em Gramado eu consegui finalizar o meu adversário na chave de pé. Atualmente sou o detentor do maior evento da América Latina, o Inc FC Peru, no Peru.

125.         SÓ CASCA! – E o UFC?
126.         Alexandre Pequeno – Olha, eu já recebi convite para lutar no UFC com 70kg, mas esta categoria é bem acima da minha que é 61kg. Mas, se um dia fizerem o convite para lutar na minha categoria eu luto.
 
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127.         SÓ CASCA! – Prá ser um “casca” na vida ou nos ringues, o que é necessário? Enfim o que é necessário para enfrentar um grande desafio?
128.         Alexandre Pequeno – O mais importante de tudo é ter muita fé. Fazer o treinamento adequado para você alcançar os seus objetivos, treinar o tempo todo, fazer todos os tipos de modalidade e tudo com determinação. Claro, sempre buscar a orientação dos mais velhos, daqueles que possuem mais experiência, porque eles conseguem te tranquilizar para você fazer um bom combate.
 
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129.         SÓ CASCA! – E quem quiser, aqui no Rio de Janeiro, fazer um treino maneiro de Luta Livre com o mestre Pequeno onde pode ir?
130.         Alexandre Pequeno – É só vir aqui em Higienópolis na rua José Roberto, 88. Os treinos sã
o 3as e 5as feiras a partir das 18 às 20hs temos um treino duro de luta livre, MMA e tudo. Tem também o Clube da Luta em Copacabana, na Rua Djalma Urich.

Um comentário:

Unknown disse...

Soy de Uruguay y fan de Pequeno, ademas practico y enseño Luta Livre en mi ciudad (Rivera) dando clases para adolescentes bajo la linea del mestre Rolando Carrizo (Arg.) y de mi Profesor Fernado Degregorio (Uy).- Luta Livre na veia.