domingo, 21 de setembro de 2014

" (...) a criança reage positivamente num ambiente onde ela é respeitada, ela se sente mais segura, ela interage, assimila com muito mais facilidade" Entrevista prof. de Judô Alan Soares


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ENTREVISTA N. 24
Alan Soares
Mestre de Judô



Amigos,


O entrevistado de hoje é um judoca conhecido entre seus pares por sua grande habilidade no ensino do bom caminho do Judô às crianças. Ele ingressou no Judô despretenciosamente, queria complementar sua técnica de projeção para continuar sua carreira vitoriosa nas competições de Kung Fu. Só que o destino lhe guardava boas surpresas, ou novas opções, com pouco tempo de treino nunca mais largou o Judô e segue até hoje com admiração os passos de seu mestre que foi um dos faixas preta mais respeitáveis e duros que tivemos no Brasil século XX. Nossa conversa se deu na antiga Academia Hugo Mello, no Catete, logo após os treino, onde habitualmente se ouve os estalos do shinai, correria e quedas de judoquinhas e muita alegria. Falamos sobre o potencial do judô como meio de sociabilização das crianças, sobre sua experiência como professor e suas recordações do grande saudoso mestre Hugo Mello. 

Agradeço ao mestre Alan pela entrevista e aos pais de todos os alunos presentes na Academia Hugo Mello que permitiram a pequena sessão fotográfica da aula de seus judoquinhas. Espero que gostem.

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 1.       SÓ CASCA !– Professor, primeiro agradeço por haver recebido o convite e que responda quem é Alan Soares e como se deu o surgimento das artes marciais na vida dele?
2.       Alan Soares – Bom, me defino como um homem tranquilo que dá aulas de Judô. Vim de uma educação rígida, nunca me envolvi em brigas, lógico quando criança temos nossas desavenças comuns com coleguinhas da rua, da escola, mas meus pais sempre foram muito presentes e atentos ao meu comportamento.
 
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3.       SÓ CASCA !– Sempre viveu aqui no Rio de Janeiro?
4.       Alan Soares – Sim, vivi sempre, desde o nascimento pelo Flamengo, Laranjeiras e imediações até hoje aos meus 35 anos.
 
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5.       SÓ CASCA !– Seu pai era praticante de artes marciais?
6.       Alan Soares – Sim de Kung Fu, quando comecei o Kung Fu ele ainda não era professor, só posteriormente veio a se tornar um. Ele me matriculou quando eu tinha 4 anos de idade e não parei mais.
 
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7.       SÓ CASCA !– O grau de professor pegou com quantos anos?
8.       Alan Soares – Comecei dar aulas muito cedo. Porque mesmo muito novo meus parceiros de treino eram sempre adultos, até os exames de faixa, isso me fez amadurecer muito cedo. Com 13, 14 anos eu já dava aulas de Kung Fu. Competi muito durante esse período.
 
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9.       SÓ CASCA !– Qual era o nome do mestre de seu pai?
10.    Alan Soares – Era o Alex de Moura. Não sei onde atualmente ele dá aulas. Perdemos o contato.
 
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11.    SÓ CASCA !– Qual era o estilo de Kung Fu?
12.    Alan Soares – Shaolin do Norte.
 
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13.    SÓ CASCA !– Você me contou uma vez que o Judô apareceu na sua vida porque participava de competições de Kung Fu e precisava aperfeiçoar as técnicas de projeção, não é?
14.    Alan Soares – Isso, como eu já estava seguindo esse caminho das competições comecei competindo no Kati e posteriormente parti para as lutas, o sanshou como dizem, o combate. Ganhava as competições e tal...
 
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15.    SÓ CASCA !– Lembra de algumas?
16.    Alan Soares – Tetra Campeão Estadual; Bicampeão Brasileiro; já fui membro da Seleção Brasileira de Kung Fu; então...
 
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17.    SÓ CASCA !– Isso mais ou menos que época?
18.    Alan Soares – Isso foi mais ou menos por volta do início da década de 90. Então... eu sentia necessidade de aperfeiçoar minha técnica de projeção. Morava na Rua Paissandu na época e alguns amigos meus me convidaram para fazer Judô. Até então a ideia era que Judô fosse um complemento aos treinos de Kung Fu. Daí conheci a prof. Katia Maia da Seleção Brasileira de Judô e tia de um de meus amigos. Assim comecei a treinar. Ela viu que eu tinha, vamos dizer assim, uma facilidade...
 
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19.    SÓ CASCA !– Um potencial?
20.    Alan Soares – isso um potencial e me deu uma faixa azul de cara. Treinei com ela um tempo até que ela teve que sair do Rio de Janeiro, recebeu uma boa proposta profissional em São Paulo. Meu pai teve que mudar de academia e foi parar na Academia do Mestre Hugo Mello. Fui apresentado ao mestre Hugo Mello e nunca mais larguei a mão dele.
 
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21.    SÓ CASCA !– Ficou convivendo com ele quanto tempo?
22.    Alan Soares – Foram uns dez anos de convívio. Enquanto ele era vivo eu só treinava, não dava aulas lá.
 
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23.    SÓ CASCA !– Era ali na academia da Rua do Catete?
24.    Alan Soares – Sim, era ali. Antes me parece que ele dava aulas na Rua Bento Lisboa. A academia do Catete, onde leciono, tem mais de 20 anos.
 
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25.    SÓ CASCA !– O mestre Hugo Melo participou de vale tudo no passado?
26.    Alan Soares – Sim, ele participava de Vale Tudo sim. Havia uma equipe de Luta Livre no Clube de Regatas do Flamengo, isso década de quarenta, ele era um dos principais lutadores.
 
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27.    SÓ CASCA !– Ele foi amigo do Euclydes Hatem, o famoso mestre Tatu, treinava com ele?
28.    Alan Soares – Olha eu não sei se eles eram amigos, mas como eram do meio, se conheciam, inclusive o mestre Hugo tinha muito respeito por ele, como você viu, aqui na academia há uma foto antiga do Tatu que o próprio mestre mandou emoldurar e pôs na parede. Uma vez eu perguntei e ouvi ele falar para outras pessoas que também perguntavam com frequência “quem é esse Tatu?” respondia “ um lutador de um força absurda, muito técnico que todo mundo fugia de treinar com ele”, não é como hoje em dia que as pessoas malham, comentava, era do biótipo dele, era uma força natural, para finalizá-lo era muito difícil.


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29.    SÓ CASCA !– O mestre Hugo ao falecer tinha que grau?
30.    Alan Soares – 7º grau shichidan.
 
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31.    SÓ CASCA !– Fale um pouco sobre o mestre, o que marcou para você na convivência com ele?
32.    Alan Soares – Para mim o mais significativo na convivência com ele era a sua persistência, a preocupação dele em dar o bom exemplo. Ele não se entregava, não expressava cansaço nunca, muito menos desânimo. Nunca vi o mestre reclamar, “ah estou cansado”, “ah meu ombro está doendo”. Lógico, ele se cansava eu não tenho dúvidas. Tanto mais evidente ficou isto para mim depois que assumi academia. Como você viu aqui, ensinar judô para crianças exige muito do professor, você tem que estar atento integralmente ao que eles estão fazendo, para evitar que se machuquem, para exigir a atenção e concentração delas para as técnicas. Imagine esse esforço para um octogenário?  Pois até os 82 anos dava aula para dezenas de crianças aqui nessa academia e logo em seguida para os adultos. Observei também que ele sofria com várias lesões adquiridas no judô e especialmente da época da juventude quando era atleta de luta livre do Flamengo, eram os ombros, os joelhos, quadril, mas ele não reclamava, no entanto, chegou a um ponto que ele não conseguia vestir a parte de cima do kimono, tínhamos que ajudá-lo porque os ombros não deixavam.  Ainda assim, por diversas vezes cheguei cedo na academia e lá estava ele treinando artes marciais, boxeando no saco ou nas paredes, levantando alteres, tudo isso do alto de seus 80 anos! Interessante que na época em que ele era vivo presenciava esses fatos sem ter uma noção  mais, digamos, ampla , talvez seja essa a palavra, uma noção mais ampla do que aquilo representava, eu era 10 anos mais jovem tinha pouco experiência como professor, era solteiro, enfim, estava começando a vida. De modo que hoje, com certa experiência como professor, casado, com filhos e passado por uma série de desafios eu tenho essas lembranças do mestre e sinto muito mais inspiração que antes, essas lembranças e outras que tenho dele, palavras amigas, lúcidas, me encorajam, me fortalecem, enfim me inspiram, hoje eu sei que ele se esforçava tanto era porque tinha amor ao judô e especialmente voluntaria ou involuntariamente ele era um exemplo para todos nós. Por isso que eu já lhe disse, NIlson, e torno a afirmar eu não ensino judô aos meus alunos eu simplesmente repassado aquilo que aprendi do judô e da vida com o mestre Hugo Mello e, por isso, não são meus alunos, essas crianças, adolescentes e até adultos  que treinam aqui comigo, são alunos do mestre. Enfim eu aprendi muito com ele, muito mais fora do dojo que dentro dele, estávamos sempre conversando. Eu tenho certeza que quando estou dando aulas e ele está comigo.
 
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33.    SÓ CASCA !– Ele foi além de uma pessoa que te passou técnicas de arte marcial...
 34.    Alan Soares – Ele foi um mestre mesmo, dentro e fora do dojo.
 
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35.    SÓ CASCA !– Já falamos de seu mestre, vamos falar um pouco mais agora de você, de seu trabalho. Você é conhecido aqui no Catete e imediações como professor de crianças. Desde a época que era aluno do Mestre Hugo já acompanhava as aulas com as crianças.
36.    Alan Soares – Sim eu sempre chegava bem antes do treino para auxiliar o mestre no ensino do judô para as crianças. Observava o comportamento dele.
 
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37.    SÓ CASCA !– Então tirando essa fase, você já possui uma experiência de quantos anos lecionando para crianças?
38.    Alan Soares – Aproximadamente uns 10 anos de ensino de judô para crianças.
 
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39.    SÓ CASCA !– E afinal, é óbvio que existe uma diferença, mas você poderia exemplificar para nós o quê na prática é diferente no ensino do Judô para crianças? Um professor de Judô que dá aula para adultos pode de uma hora para outra se transformar num professor de crianças?
40.    Alan Soares – Eu acho que as palavras são seriedade e bom senso. Por exemplo, o professor não pode ensinar estrangulamentos, chaves de braço para crianças, não estou criticando os professores que ensinam. Uma criança não tem habilidade motora, dependendo lógico da idade, para ter um domínio de uma chave de braço, para ter um domínio de um estrangulamento.
 
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41.    SÓ CASCA !– Estamos falando de uma criança de aproximadamente quantos anos?
42.    Alan Soares – De 5 a 8 anos. Nessa fase são muito afobados. Se você ensinar um estrangulamento pode sufocar até apagar um amigo de treino. Sufocar uma criança nessa idade até apagar é um risco médico enorme e deve ser evitado a todo custo. Por isso eu não ensino. Por outro lado, ainda respondendo sua pergunta sobre diferenças práticas em ensinar artes marciais para crianças, é preciso também observar o temperamento da criança. Existem aquelas que são tímidas, as hiperativas (as mais frequentes), aquelas espertas já ambientadas ao convívio com outras crianças. O professor não pode tratá-las da mesma forma, umas você realmente tem que ser mais carinhoso, mais atencioso, com outras você tem que ser mais duro, mais exigente. A sensibilidade para observar essas coisas você só adquire com o tempo e mais... é preciso que elas fiquem bem à vontade nas aulas para que se deixem revelar. Há crianças que tem dificuldade de relacionamento, eu coloco-as para treinar, brinco com elas, tentando encontrar, suas virtudes, não é só ensinar posições e por para treinar o handori.
 
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43.    SÓ CASCA !– Você falou agora do aspecto da coordenação motora, do cuidado para evitar acidentes, mas há o lado do protocolo, qual a importância, do protocolo no Judô como isso repercute nas crianças?
44.    Alan Soares – Nilson, as saudações, enfim os sinais de respeito no Judô não existem por acaso, não são uma coisa sem sentido. Só é possível praticar o Judô por que existe o outro, o meu amigo no treino, no combate (handori) é importante para mim, assim como eu sou para ele. Nós nos curvamos para o oponente no handori porque sem a ajuda dele, ainda que me atacando, eu não posso me desenvolver, e virse e versa. Quando lutamos um está doando o seu corpo para que outro possa se desenvolver e virse e versa. Para entrar no Dojo e sair dele precisamos fazer o cumprimento em respeito aos companheiros presentes e ao mestre, antes de começar a aula e ao sair sempre cumprimentamos o quadro do Dr. Jigoro Kano. Este cumprimento se chama Shu-U-Men-Rei. Enfim, respeito ao companheiro de treino, respeito ao treino como um todo, respeito ao mestre e aos antepassados. Lógico que uma criança de 5 anos não vai compreender com nossa extensão de entendimento o significado dessas formas de respeito, ainda assim, ainda que na base da repetição gestual a semente da ideia fica com elas. Frequentemente eu explico ou, as vezes, as crianças perguntam as razões desses cumprimentos, dessas saudações. Mas, o fato é que elas, graças a colaboração dessas saudações, entre outras coisas oferecidas pelo Judô, não só por elas, se sociabilizam com mais facilidade, se desinibem, se respeitam, e o que é mais importante adquirem autoconfiança.
 
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45.    SÓ CASCA !– Deixe eu ver se entendi, não estou descordando, só para tentar compreender a coisa, essas saudações resultam até mesmo em auto confiança nas crianças?
46.    Alan Soares – Sem dúvida, NIlson. Quando eu cumprimento você eu estou lhe respeitando, quando eu aperto sua mão, lhe dou um abraço, assim é no Judô, o Judô sociabiliza. A saudação ao me curvar é sum sinal de respeito. A criança compreende isso. Você não imagina como uma criança reage positivamente num ambiente onde ela é respeitada, ela se sente mais segura, ela interage, assimila com muito mais facilidade. Recebo crianças aqui as vezes que sequer olham para mim ou para os colegas, um problema mesmo de auto estima. Crianças que você vê que por alguma razão tem um problema relacionado a ansiedade, medo e insegurança e eu fico realizado muito, mas muito feliz mesmo quando os pais ou os professores das escolas onde trabalho relatam a melhora do judoquinhas em casa ou no colégio, ou quando eu mesmo percebo que depois de algum tempo de convívio, este judoquinha está alegre confiante,  olhando nos seus olhos dando um passo decisivo para ser um adulto saudável.
 
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47.    SÓ CASCA !– Por falar no pais, como é para você aquela situação em que o judoquinha está treinando e o pai do lado de fora do dojo quer dar a aula também, dando instruções para a criança e não raro deixando-a mais insegura ainda, além de atrapalhar o seu trabalho?
48.    Alan Soares – Isso eu trago do mestre, eu faço questão que os pais assistam às aulas, para ver como eu trabalho, há academias  em que o treino é fechado, porém isso não acontece em nenhum dos lugares que leciono. Criança a gente não pode ser inflexível, temos que dar uma brecha, mas na hora do comando, na hora que chamo a atenção a coisa tem que ser respeitada, ser séria. Dou bronca mesmo e os pais não se metem, trabalho com o shinai, aquela bastão de bambu que faz um barulho enorme e funciona como um sinal para chamar atenção dos alunos, não para assustá-los ou coisa do tipo, ele é usado um pouco como brincadeira, mas os alunos sabem que quando o shinai estala no Dojo é porque eu quero atenção e para na hora a brincadeira. Eu chamo o shinai de meu estagiário. Enfim, graças a Deus até hoje nenhum pai contestou minhas aulas.
 
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49.    SÓ CASCA !– Os país não se assustam com você está com o shinai?
50.    Alan Soares – Não, eles sabem que aquilo eu uso para exigir silêncio, é um instrumento típico do Judô antigo, é uma ferramenta antiga de aula, não é para assustar a criança, é para dar um sinal de alerta, muitos acham até engraçado.
 
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51.    SÓ CASCA !– Vamos mudar o foco da coisa, hoje em dia o Judô enquanto competição, como a gente está vendo aí nos mundiais, você acha que a regra é boa, ou ele foi descaracterizado. Tem gente que diz que o Judô foi realmente descacterizado pela mudança das regras, tem gente cobrando o uso do newaza, explica pra nós?
52.    Alan Soares – O newaza melhorou, o uso dele, os juízes estão dando mais tempo para o judoca desenvolver. Se o arbitro está notando que o judoca está desenvolvendo para uma finalização uma raspagem, eles estão dando mais tempo...
 
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53.    SÓ CASCA !– Só para quem não entende, para quem está lendo o blog e não está por dentro destas terminologias, o que significa “o juiz está deixando desenvolver o newaza”?
54.    Alan Soares – Muito simples, por exemplo, eu apliquei uma técnica e o oponente caiu de quatro apoio...
 
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55.    SÓ CASCA !– Lembrando que a meta é o Ippon, fazer o oponente cair de costas, não é ?
56.    Alan Soares – Isso ou cair de lado (iokuo), antigamente tinha o (Koka) quando caia sentado, ou cair quase com as costas no chão (vazari)... e a queda perfeita como você falou o Ippon. Então prosseguindo na explicação do newaza, quando você derruba e não consegue a queda perfeita, isto é o Ippon, o cara que derrubou dá continuidade a luta no solo tentando fazer o oponente desistir do confronto ao ser estrangulado, ao sofrer uma chave de braço ou uma raspagem que nada mais é que uma arremesso do corpo do adversário a partir do chão ou ser imobilizado, isso é Newaza, é Judô Newaza. O Judô não é só projeção, queda, tem toda sua ciência no chão. Antes os árbitros simplesmente paralisavam as lutas após as quedas ou suas tentativas, agora não. Eles deixam fluir o Newaza no chão. Porque às vezes o cara que levou a projeção pode inverter a coisa no chão fazendo pontos ou mesmo finalizando a luta com um estrangulamento ou uma chave por exemplo. Antes o judoca caia ficava em quatro apoio e pronto, mate, acabava, era interrompido o confronto e recomeçava em pé. Hoje admite-se o desenvolvimento no chão o Newaza. Tanto que essa competição que houve agora neste último Mundial de Judô, em 2014, tivemos muito newaza, inversões.
 
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57.    SÓ CASCA !– Você acha que isso é bom para o Judô?
58.    Alan Soares – Eu acho que sim porque isso é Judô, também é Judô, não Judô não é só projeção.
 
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59.    SÓ CASCA !– Por falar nisso, vou te por na fogueira agora, afinal o Jiu-Jitsu é uma espécie de Judô, o Newaza, ou o Judô é que é uma espécie de Jiu-jitsu?
60.    Alan Soares – Você que me meter numa polêmica agora... eu acho que eles se complementam, deixo esse debate para os estudiosos. O fato é que muitos atletas de Judô treinam Jiu-jitsu e virse versa, sendo que antigamente lá no Konsen Judô, os mestres dos mestres, tinham várias, várias posições, um Newaza bem solto. Hoje tem a guarda aranha, no século XIX já era praticada, até mesmo a De la Riva, raspagens e etc... basta pesquisar em bibliografias antigas, com ilustrações e será possível constatar que os praticantes dessas posições eram judocas. Enfim, é difícil determinar isso. Prefiro encarar a coisa como um complemente. Não quero entrar no mérito de quem chegou primeiro, para mim tá ótimo um complementa o outro. Eu mesmo sou praticante de Jiu-jitsu também, para mim está ótimo.
 
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61.    SÓ CASCA !– Por falar nisso, você faz Jiu-jitsu também?
62.    Alan Soares – Além das aulas de Judô eu também sou praticante de Jiu-jitsu, faço com o mestre Rafael Carino da Nova União, ele foi um dos primeiros lutadores brasileiros a ir para o UFC e foi o primeiro lutador da Nova União a fazê-lo quando em 1996 finalizou o gigante Matt Andersen logo no primeiro round. Lá eu sou aluno de Jiu-jitsu, mas quando ele me solicita dou um auxílio nas técnicas de projeção especialmente quando a gelara de lá vai competir. Mestre Rafael Carino no jiu-jitsu foi campeão não sei quantas vezes e ano passado lutou muito na categoria pesadíssimo e ganhou tudo. Ele abriu as portas para mim no Jiu-Jitsu e sou muito grato a ele por isso. Antes dele cheguei a treinar na Alliance com o professor Gigi Paiva.
 
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63.    SÓ CASCA !– Quem foi seu modelo no Judô em competições mundiais? O cara que contribuiu muito para a sua arte, independente de ser brasileiro ou não?
64.    Alan Soares – Eu citaria um japonês, Toshihiko Koga. Um talento absurdo, qualquer judoca sabe quem ele é. Ele tinha uma facilidade aplicar as técnicas de projeção em pé incrível, no lugar de derrubar de joelho. As pegadas dele eram diferentes, as imobilizações um judoca que eu aprecio muito.
 
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65.    SÓ CASCA !– O quê o cara precisa para ser um casca? para enfrentar um grande desafio? O que você tem para dizer para lutadores, estudantes que estão diante de um desafio profissional ou mesmo para uma dona de casa ante as situações que exigem inspiração para enfrentá-las para superá-las? Enfim o que é necessário para passar a guarda e dar uma queda perfeita, um Ippon nas dificuldades?
66.    Alan Soares – A vida derruba, você precisa levantar, você cai mais tem que levantar, você tem que ter força de vontade, dentro ou fora do Dojo. Como diz aquele personagem, o Rock Balboa, você prova que é forte não quando bate, não quando está vencendo na vida, mas quando cai e se levanta, quando leva a pancada e tenta novamente e novamente e novamente. Perseverança é isso que faz uma pessoa forte, um casca grossa.
 
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67.    SÓ CASCA !– Quem quer seu filho acompanhado por um bom e experiente professor de Judô, onde procurar?
68.    Alan Soares – Academia Hugo Mello, Rua do Catete, 214, sobre loja, telefone, 2556-8554, e-mail : soares1527@gmail.com

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2 comentários:

Teruko disse...

Soube de seu Blog através da página "Sumo Rio de Janeiro" no Facebook: sua ida à Associação Nikkei do Rio de Janeiro/5 outubro 2014, e encontro com Sumotoris san, entre eles o empenhado Instrutor DANIEL GUEDES.
Aqui, apreciei encantada sua entrevista com o Professor de Judô ALAN SOARES: Exemplo e Incentivo para todas as idades!!!
Desejo que continue vitorioso em sua edificante trajetória do Bem!!

Teruko Okagawa Monteiro, Departamento Cultural da Associação Nikkei do Rio de Janeiro

Nilson Soares disse...

Prezado Sr Teruko Okagawa Monteiro,

Mil perdões por só agora respondê-lo.

Obrigado pelas palavras gentis e por seu honroso trabalho de preservação da cultura Japonesa.

abs,

Nlson Soares