sábado, 30 de agosto de 2014

" hoje em dia não são nem erros por falta de conhecimento técnico (...), percebo muitos erros originados pela falta de controle emocional, seja por causa da torcida, seja por pressão de um cara importante que está do lado de fora querendo mandar no árbitro" - mestre André Bastos

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ENTREVISTA N. 23
André Bastos
Mestre de Jiu-jitsu, 3º Grau



Amigos,

O entrevistado deste mês é um típico mestre do Brazilian Jiu-Jitsu conhecido por ser uma das maiores autoridades quando o assunto é a técnica da meia-guarda.

Quando ainda era um bebê seu pai profetizou e lhe encaminhou ao Jiu-jitsu. O pequeno, a época com de 4 anos de idade, gostou e desde então nunca mais saiu do dojo. 

Dedicado integralmente a arte do pano, seja como professor, competidor ou como árbitro, possui uma legião fãs e alunos que sempre lhe acompanham. Mestre André adora o convívio com seus alunos, seu modo de vida revela um dado bem interessante (e talvez uma lição...), desmentindo aqueles que acham que o respeito e a disciplina só poderão ser impostos aos alunos através de uma hierarquia baseada no distanciamento. Isto por razões muitos simples, Mestre André não se priva do convívio com seus alunos, eles compartilham o ambiente do Jiu-jitsu, mas também vão a praia juntos, do mesmo modo confraternizam juntos na pizzaria, no japnês, nas caminhadas pelas montanhas do litoral carioca. Enfim, seus alunos são seus cúmplices. Talvez, sem o saber, o respeito absoluto que eles manifestam através da disciplina e da lealdade seja a forma que encontraram para expressar generosidade ao mestre cuja simples companhia desejam apreciar e conservar.

Nossa entrevista foi realizada  no Tijuca Tênis Clube, Tijuca, Rio de Janeiro durante o Internacional de Jiu-Jitsu realizado pela Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu, mestre André após 9 lutas conquistou 3 medalhas, bronze no adulto; ouro no masters e bronze no masters absoluto.

Agradeço ao mestre André Bastos e aos seus alunos pela entrevista e espero que apreciem nossa conversa e as fotos.


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 1.       SÓ CASCA ! - Quem é André Bastos? Como o Jiu-jitsu entrou na vida dele?

2.       ANDRÉ BASTOS -  André Bastos é um cara de 34 anos de idade e 28 de Jiu-Jitsu. Comecei meu Jiu-jitsu com 5 para 6 anos de idade, em fevereiro de 1986. Porque meu pai me levou. Ele não é envolvido com arte marcial, mas sempre teve vontade de praticar, leu muito a respeito de artes marciais, filosofia samurai, mas nunca teve oportunidade. Quis isso para os filhos e colocou-me na luta. Hoje ele admite que curou uma de suas frustrações através dos filhos, de não haver praticado artes marciais, tendo eu e minha irmã como faixa preta de Jiu-jitsu. Desde 1986 eu treino, só parei por conta de lesões.

 3.       SÓ CASCA ! - Durante essas três décadas praticamente não houve nenhuma outra arte marcial?

4.       ANDRÉ BASTOS -  Teve, já depois da faixa preta. Treinei uns ou três anos de Muay Thai. Fora isso foi só o Jiu-jitsu mesmo.

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 5.       SÓ CASCA ! - Então a partir de sua própria experiência o senhor acredita que o Jiu-jitsu deve ser ensinado para crianças?

6.       ANDRÉ BASTOS -  Sim, o jiu-jitsu é super indicado para crianças. Além de ser um esporte completo para ajudar no desenvolvimento físico, também aborda outros fatores importantes durante as aulas, como o emocional e o sócio-afetivo. Recomendo a partir dos 4 anos de idade, e sempre solicito a ajuda dos meus alunos graduados para o controle, a atenção na turma. Acho que as aulas devem ter sempre um conteúdo lúdico associado ao aprendizado do jiu-jitsu, mas nunca esquecendo o aspecto disciplinar.

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 7.       SÓ CASCA ! – Bruno e Ricardo Bastos são irmãos do senhor?

8.       ANDRÉ BASTOS -  Bruno e o Ricardo Basto são meus primos, apesar de termos sido criados como irmãos. Todos falam que somos irmãos, vivemos juntos, somos inclusive parecidos demais. A mãe deles é irmã de meu pai. Eles começaram em 1990 por minha influência e graças a Deus estão até hoje aí com sucesso.

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  9.       SÓ CASCA ! - O mestre do senhor? Sempre foi o Wendel?

10.   ANDRÉ BASTOS -  Não. Em 1986 eu comecei com o professor Miro, em 1987 a academia mudou; depois o prof. José Neuri Equipe Arte Livre, treinei com ele até 1991. Em 1992, treinei com o mestre Jucão, Ailson Brites lá de Teresópolis, vinha ao Rio para dar aulas duas vezes por semana. No final de 1992 comecei a treinar com o mestre Wendel. Estava com a faixa laranja e peguei a verde e segui com ele até a preta.

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 11.   SÓ CASCA ! - Então a maior vivência mesmo foi com o mestre Wendel?

12.   ANDRÉ BASTOS -  Isso, desde os 12 anos de idade.

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 13.   SÓ CASCA ! - O senhor já participou de MMA ou coisa assim?

14.   ANDRÉ BASTOS -  Não. Já tive alunos que participaram, ganharam, uns perderam, já treinei algumas vezes, até me dei bem, nunca tomei um prejuízo.

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 15.   SÓ CASCA ! - O senhor então é o típico professor que se voltou completamente para a arte do tatame... e vive só do Jiu-Jitsu?

16.   ANDRÉ BASTOS -  Só, eu só treino e pratico Jiu-jitsu. Eu nunca tive objetivo de viver do Jiu-Jitsu, sempre fui um cara bom na escola, acabei o segundo grau com 16 anos. Com 17 anos eu entrei na UFRJ para fazer paisagismo, porque eu desenho muito bem. Como eu tinha facilidade com estudo, com a atividade intelectual, digamos assim, eu mesmo acreditava que não seguiria profissionalmente na luta. Mas, como minha família não tinha muita grana, graças a Deus nunca passamos fome, chegou um ponto na minha vida que tive que ganhar algum dinheiro. Como o Jiu-jitsu sempre tomou muito tempo e ainda toma, aproveitei que era mais prático começar dando aulas, assim eu unia as coisas, continuava meus treinos e ganhava algum dinheiro. De modo que, assim como quem não quer nada, naturalmente, começou minha carreira como professor de Jiu-jitsu. Gostei da coisa, me descobri como professor, hoje em dia eu não me vejo fazendo outra coisa, apesar de ter outros interesses, eu estudo educação física... tenho muita vontade de dar aulas em faculdade, eu gosto de estudar, não vejo sem dar aulas de Jiu-jitsu. Graças a Deus recebo muitos elogios como professor, seja de alunos, pais e amigos, todos gostam da minha aula. Hoje em dia minha vida é o Jiu-Jitsu, minha rotina é esta: dou aulas, participo das competições, tenho meu salário de professor, arbitro torneios, fazendo uma renda extra com essas arbitragens. Enfim eu vivo do Jiu-jitsu.

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 17.   SÓ CASCA ! - O senhor pode falar um pouco dos títulos mais recentes que o senhor possui?

18.   ANDRÉ BASTOS -  Eu tenho todos os títulos de todos os campeonatos de Jiu-jitsu que já lutei, não tenho apenas o europeu e o pan americano que nunca lutei. Mas, 2 títulos mundiais, e mais de 15 títulos brasileiros e estadual. Ano passado tive um ano bom, abençoado, ganhei o Internacional de Masters; ganhei o Brasileiro; o Floripa Open; o Brasileiro de Equipes. Em 2014 eu perdi o Brasileiro e as seletivas de Abu-Dhabi onde fui prejudicado na arbitragem. Acho que estou melhor preparado para este evento de hoje ( Internacional de Jiu-Jitsu da Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu no Tijuca Tênis Clube, Rio de Janeiro) .


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 19.   SÓ CASCA ! - As pessoas do nosso meio costumam afirmar que no Judô o caráter oriental é mais preservado, quer dizer, a disciplina, a etiqueta o respeito dentro do dojo. Por outro lado, este aspecto infelizmente parece que não é muito levado em conta, ou no mínimo, é prejudicado no que se refere à pratica do Jiu-jitsu no Brasil. Como é isso na sua academia e pode ainda esclarecer se realmente esta questão tem relevância?

20.   ANDRÉ BASTOS -  Eu acho muito importante essa questão. O respeito é a base de tudo, respeito e educação. Inclusive os problemas de nosso país de uma forma geral tem sua origem aí. Não só por opção de estudo, a educação de uma forma mais ampla, educação no trânsito, em coisas mais elementares como na fila do banco, do supermercado, dentro da escola. Eu prezo muito isso na minha academia, educação e respeito. Essas bases que existem no judô e na luta elas são fundamentais para você conseguir impor e estabelecer o respeito como base de convivência na sua academia. Claro que algumas coisas fogem de nosso controle, hoje em dia não é tão rígido o tratamento como antigamente. Para você ter uma ideia quando comecei no Jiu-jitsu nem beber água você podia durante os treinos, muito menos falar, conversar durante o treino. Acho que não é isso que caracteriza o respeito, cobranças excessivas. Os estudos estão aí para evidenciar a evolução do aprendizado, mas há sim muitos princípios, como disse, fundamentais para manter um mínimo de respeito no dojo. Cabe ao professor de Jiu-jitsu não nó ensinar a arte, mas educar mesmo, o professor de arte marcial é um educador não só de crianças, mas de todos que ali estão sob sua orientação, crianças, adolescentes e até mesmo adultos.

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 21.   SÓ CASCA ! - Então o senhor considera a etiqueta importante e no seu dojo é respeitada essa questão.

22.   ANDRÉ BASTOS -  Claro, é base das relações em meu dojo.

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 23.   SÓ CASCA ! - Levando em conta a sua experiência vitoriosa até aqui, o senhor se considera como alguém que chegou ao ponto de reunir em si a tríade professor, atleta e mestre?

24.   ANDRÉ BASTOS -  Não me considero mestre, sou professor e atleta. Gosto muito de competir, não consigo parar de competir e sempre fui assim. Hoje eu perdi, mas respeito meus adversário, acho que ele acertou uma posição muito boa, claro que não estou satisfeito. Por outro lado, para competir eu tenho que me preparar bem, por isso acabo tendo uma vida regrada, a vida de um atleta, não como aquela que eu tinha aos 20 anos. Sou professor porque estou no campeonato, quinta, sexta, sábado, o dia todo, gritando para meus alunos para minha equipe. Ontem estava com as pernas bem cansadas por três dias de competição, mas isso faz diferença no meu trabalho, me diferencia dos outros e por isso me motiva, acho que esta minha atitude serve muito de exemplo para meus alunos. Enfim eu tento servir de exemplo o tempo todo para eles. O professor tem que ser um exemplo sempre. Se não como cobrar atitudes?

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 25.   SÓ CASCA ! - E mestre?

26.   ANDRÉ BASTOS -  Eu acho que mestre é uma categoria maior, uma coisa ... talvez seja arrogância intitular-me mestre. Derrepente quando eu for faixa vermelha e preta, vários anos a mais talvez eu possa citar este título. Por enquanto eu sou um faixa preta com treze anos, como os outros professores que treina todos os dias.

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 27.   SÓ CASCA ! - Na sua jornada quais foram as pessoas que conheceu e merecem ser lembradas?

28.   ANDRÉ BASTOS -  É muita gente, não dá para citar assim não, muita gente mesmo. Eu sou um cara muito... amigo, sabe...

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29.   SÓ CASCA ! - Carismático?

30.   ANDRÉ BASTOS -  Não, carismático não, carismático é o Fabinho Spy. É o cara que ri, que fala, que brinca, eu não. Sou de uma postura séria. Algumas pessoas inclusive, por conta disso, me tacham de “marrento”, mas mudam de opinião depois que me conhecem. Por outro lado, isso não me impede, quer dizer, a minha seriedade, de ter um enorme carinho por meus alunos. Para você ter uma ideia, trato-os por “filho” e meus amigos como irmãos. É muita gente que conheci, gente boa, lógico. No entanto, no meio disso, tive muitas decepções ao ponto de desanimar e cogitar a possibilidade de mudar o meu trato com as pessoas. Graças a Deus tenho muitos amigos de verdade que me fazem continuar a ser quem eu sou. Nessa caminhada tive muita gente boa ao meu lado, citar um ou dois somente me levaria injustiças que a falta de memória, o esquecimento involuntário podem causar.

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 31.   SÓ CASCA ! – Por falar em alunos qual o rendimento geral deles em torneios?

32.   ANDRÉ BASTOS -  Tenho muitos alunos que já se destacaram em competições.  Tenho campeões mundiais, brasileiros, sul americanos , mas, sinceramente, não é o mais importante pra mim. Tento buscar sempre o melhor de cada um, fazer com que cada um seja o melhor que puder ser. Resultados em competições acabam sendo consequência do trabalho.

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 33.   SÓ CASCA ! - E ídolos, independente de ser ou não do Jiu-jitsu ou das artes marciais, citaria alguém?

34.   ANDRÉ BASTOS -  Também tem bastante gente. Eu sempre fui muito fã de esporte. O que tiver passando eu assisto, seja tênis, golf, baseball, basquete, vôlei, sempre coisa assim positiva, por exemplo, no que o Ayrton Senna falava. Várias colocações dele em relação a treinamento e perseverança. Era um cara muito determinado em ser um vencedor. Observava as declarações dele, lembro que gostava de dizer que era o melhor, ainda que ficasse com a impressão de que ele falava isso somente passar a autoconfiança para dentro dele  eu gostava de ouvir. Passava muita autoconfiança, eu gosto de gente assim, determinada, confiante em si, pensa pra frente, que corre atrás, que está sempre treinando. Tenho também muitos outros ídolos, dentro e fora do Jiu-jitsu justamente por ser um cara viciado em esportes.

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 35.   SÓ CASCA ! - e no Jiu-jitsu?

36.   ANDRÉ BASTOS -  Há muitos. Muitos que vi crescerem, muitos que foram meus adversários, foram professores. Hoje em dia o Márcio André eu tenho como um ídolo também, um garoto que vi desde de molequinho, evoluiu no Jiu-jitsu ao ponto de me passar, tem um talento absurdo e ganha tudo o que luta. Posso citar ainda: Leo Santos; o Tererê que tive a honra de lutar algumas vezes; Dell; Dedé; os meus primos, o Ricardo Bastos que para mim é o melhor cara que já vi no Jiu-jitsu, tecnicamente e fisicamente falando, treinei com ele a vida toda e no meu julgamento pessoal é o melhor de todos.

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 37.   SÓ CASCA ! - O Jiu-jitsu está pronto? Enfim essas novas posições aí da moda, berimbolo, fifity-fifity são evoluções? Representam um dado novo e positivo?

38.   ANDRÉ BASTOS -  Não. O Jiu-jitsu nunca vai estar pronto. Por isso que ele é apaixonante. O cara treina dez anos e não vai dizer que sabe tudo. Não tem como dizer que sabe tudo. O Jiu-jitsu está sempre mudando. Nos meus 28 anos de dojo eu já vi muitas coisas acontecendo. Quanto a essas posições que mencionou eu acho que são evoluções sim. Só não concordo quando elas são usadas para servir de anti-jogo, nesse caso eu não concordo. Há atletas que usam para evoluir para atacar, evoluir e fazem tudo isso muito bem para atacar pelas costas, por exemplo. Por outro lado, há caras de peso mais leve ganhando absoluto com essas posições na base do anti-jogo. Coisa que acho inadmissível. O campeão do absoluto devia ser no mínimo meio pesado em diante. Acho que alguns atletas conseguem ganhar absoluto porque conseguem através do anti-jogo, para amarrar, para limitar tecnicamente a luta. O cara encaixa uma posição desta no início da luta e amarra até o final enquanto o outro que tem muito mais Jiu-jitsu não consegue sair dali. Compreende? Há essas duas vertentes aí.

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 39.   SÓ CASCA ! - O senhor tem uma grande experiência como árbitro, não é mesmo? Poderia citar o que mais lhe irrita enquanto árbitro no comportamento dos atletas?

40.   ANDRÉ BASTOS -  O atleta mal educado, me incomoda muito. É aquele que faz grosserias como empurrar o adversário para fora do tatame ou encaixa posições quando você já mandou parar; usa artifícios desnecessários como posições que só machucam para prejudicar o adversário; o cara que amarrada também me incomoda, mas há aqueles que amarram na regra que são casos diferentes.

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  41.   SÓ CASCA ! - O professor para ser árbitro tem que ter muito autocontrole?

42.   ANDRÉ BASTOS -  Tem sim. Se a situação lhe irrita, enquanto árbitro, eu não posso julgar a luta por causa disto. Tenho que dar as punições passíveis, arbitrar certinho sem deixar me influenciar. Fora o autocontrole em relação a emoção. O que mais vejo hoje em dia não são nem erros por falta de conhecimento técnico, percebo muitos erros originados pela falta de controle emocional, seja por causa da torcida, seja por pressão de um cara importante que está do lado de fora querendo mandar no árbitro.


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  43.   SÓ CASCA ! - A arbitragem de torneios já podemos considerá-la como um outro mercado de trabalho complementar a renda que os professores ganham com as aulas de Jiu-jitsu?

44.   ANDRÉ BASTOS -  Sim. Porque, no Rio de Janeiro, por exemplo, temos competições todo fim de semana. Há muito torneio para ser arbitrar, os professores que são árbitros já podem contar com essa renda regularmente.

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  45.   SÓ CASCA ! - E no exterior? Há muita demanda de árbitros brasileiros?

46.   ANDRÉ BASTOS -  Mais ou menos, há algumas pessoas saindo para arbitrar por lá especialmente nos mundiais, se for torneios locais costumam ser usados árbitros dos próprios países de origem. Isso porque nos Estados Unidos e Europa já existem atualmente muitos árbitros sendo formados, ainda assim nos eventos mais importantes os árbitros brasileiros, conhecidos por terem mais experiência, são solicitados. Então se não for um mundial o evento será praticamente apitado por estrangeiros capacitados pela IBJJF e CBJJF. No momento, talvez falte experiência a esses árbitros estrangeiros, mas conforme forem participando dos eventos isso deixará de existir.

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 47.   SÓ CASCA ! - A pessoa para vencer um desafio não só na luta, mas na vida, e não só falando de lutadores, mas de pessoas comuns, o que precisamos enfim para ser um Casca ?

48.   ANDRÉ BASTOS -  Ela precisa ter muita força de vontade. Estou com 34 anos, desde os meus 16 anos eu faço preparação física. Há muito tempo que eu não treinava a parte física como eu treinei para esse campeonato agora. Só que já são mais de 15 anos fazendo parte física, isso cansa..., desanima..., lesiona... e você tem que dar aula, tem que estar motivado e dar atenção sempre para seus alunos. É bom, mas exige muito, extrai muito a sua energia é muito cansativo. Porém, tudo na vida não vem fácil, tem que ser conquistado, eu nunca tive nada fácil, nada. Convivo no meio de pessoas que nunca tiveram nada fácil, por isso, precisamos correr muito atrás daquilo que sonhamos. Até mesmo quem tem as coisas tem que correr atrás. Enfim o principal de tudo é a força de vontade. As vezes as pessoas lamentam muito porque não tem nada, porque falta, porque não conseguem, mas quando você investiga mais atentamente a situação delas percebe: o quê elas fizeram para lutar? Não conseguir, ter decepções, ter obstáculos, não pode ser motivo para desistir. As vezes a vida é mais difícil para uns do que para outros, não importa, se a gente quer temos que lutar. É preciso correr atrás, é possível alcançar os sonhos, a questão é que há aqueles que se rendem e há aqueles que mesmo sob uma grande adversidade não se rendem, lutam.

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 49.   SÓ CASCA ! – E aqueles que desejarem aprender um bom jiu-jitsu com uma galera maneira e com um mestre capacitado que sabe tudo da meia guarda, como fazer?

50.   ANDRÉ BASTOS -   Ministro aulas de jiu-jitsu de segunda a sexta, na parte da manhã(7:30) e na parte da noite(21h) para adultos, E para crianças seg, qua e sex 9:30 e ter e qui 18:20. Estou sempre de portas abertas para receber qualquer um, de qualquer equipe.

2 comentários:

Nova União Bangu disse...

Parabens Nilson pela exelente materia e Andre Bastos por essa licao de vida

Nilson Soares disse...

Mestre, obrigado, assim que cumprir a agenda dos entrevistados já marcados anteriormente, vou fazer uma com você, Oss