segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

"Hoje eu não me considero mestre, me considero um professor. Apesar de ter minha preta e meu 5º dan ainda estou aprendendo. Quando passar dos 50 anos quem sabe?" Mestre de Luta Livre Márcio Cromado

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ENTREVISTA N. 15
Márcio Cromado
Mestre 5 dan Luta Livre Esportiva

Amigos,


Nosso entrevistado de de hoje é um cara humilde, de fala mansa e muito generoso nas lembranças de quem lhe ajudou. Alguém que passaria certamente despercebido não tivesse ele um dom: ser um dos melhores treinadores de Luta Livre Esportiva que possuímos. Sua equipe já está entre as melhores do Brasil, quiçá a do mundo já que somos ponto de lança no MMA mundial, refiro-me ao mestre Cromado fundador da RFT - Renovação Fight Team. Nossa conversa se deu numa destas manhãs de verão intenso que vem castigando o Rio de Janeiro, lá na sede da RFT em Botafogo. Falamos do passado, amigos, exemplos e de superação. Também vi nesse dia (e fotografei!) um dos treinos mais duros que tive oportunidade de assitir até hoje. Cena que motivaria qualquer um que goste de lutas. Espero que apreciem, pois, novamente, graças a Deus, como tem sido até hoje, foi um grande prazer conhecer mais este casca grossa.  

1.       SÓ CASCA ! – Mestre, primeiro quero agradecer sua enorme boa vontade em destinar um tempinho no seu atribulado dia a dia de treinos para conceder esta entrevista. Gostaria que o senhor começasse, por favor, dizendo, quem é, qual sua arte marcial e como ela entrou em sua vida...

2.       MESTRE CROMADO – Primeiramente quero agradecer pelo convite, para dar esta entrevista, para mim é sempre um prazer contar minha história e da modalidade que sou formado. Meu nome é Márcio Cromado, no registro é Márcio Ramos Barbosa, mas na luta todos me chamam de Márcio Cromado. Se falar Márcio Barbosa acho que nem minha mãe vai saber que sou eu. Sou praticante de luta livre esportiva, há mais de 26 anos, comecei no judô com o mestre Ridalto, levado pelo mestre João Bosco.


3.       SÓ CASCA !  – Aqui mesmo no Rio?

4.       MESTRE CROMADO – Tudo no Rio, fui criado aqui em Botafogo e na Rua Assunção, Bambina, Marquês de Olinda, onde mora a maioria dos faixas preta são de lá, mestre Eugênio Tadeu, Jutuany, o Jutu, João Bosco, essa galera da antiga da luta, Toninho. Comecei no judô com o mestre Ridalto, apesar de todos na minha rua treinarem Muay Thai, mestre Eugênio treinava, Toninho também.


5.       SÓ CASCA !  – Treinavam com o mestre Molina...

6.       MESTRE CROMADO – Isso toda galera treinava com o mestre Molina eram muitos da capoeira e do Takendow. Isso anos 80, como eu não gostava de trocação fui levado para o judô pelo mestre João Bosco que hoje reside em Angra e  tem uma grande equipe de luta livre. Na época comecei o judô no antigo Clube Sírio Libanês cuja sede era na Rua Marquês de Olinda que hoje é um condomínio, acabou. Os clubes estão acabando no Rio de Janeiro... então comecei a treinar judô com 12 anos com o mestre Ridalto e fui para o ABB Lagoa para treinar com o mestre Jomar. Só que isso não durou muito, eu era novo, o treino era anoite, era longe, eu tinha que pagar passagem de ônibus e assim terminei indo treinar Muay Thai como  todos os outros meus amigos. Academia era na porta da minha casa da Rua Assunção, academia Só Arte, com o mestre Jutu. Assim fui treinando, depois de anos juntos, o mestre João Bosco começou a dar aula de luta livre esportiva no Clube Sírio Libanês e dali fui para a luta livre, depois esses treinos foram para o Clube do Boqueirão e  todos os lugares onde havia treinos de luta livre em que o mestre João Bosco estava eu ia junto como um filho dele. Hoje em dia eu posso afirmar sem medo, Graças a Deus eu tive contado com todos os medalhões da Luta Livre. Hoje em dia são Grão Mestres, já época, por exemplo, quem puxava aula no Boqueirão era o Carlinhos Brunocilla filho do Fausto Brunocilla.

7.       SÓ CASCA !  – Fausto Brunocilla formado por ninguém menos que o criador da Luta Livre, o Mestre Tatu...
8.       MESTRE CROMADO – Isso, vi muita gente boa treinar, Hugo, Denílson, Marcelo Mendes, mestre Eugênio, Bigu, Borracha, Luiz Garcia, Marcelo Bertolucci, uma galera muito muito boa mesmo. Por ser muito pequeno eu só ficava apreciando aquilo e aprendendo. Eu até falo com meus alunos, as vezes você aprende mais observando que fazendo... Por ser pequeno não podia por em prática, os caras eram tudo acima de 80kg e eu tinha uns 50 ou 60 quilos. Depois eu brincando com eles, deixavam fazer as posições ia aprendendo, era tratado como um filho por todos eles. Depois de um bom tempo o mestre Eugênio Tadeu  começou a dar aulas na academia La Maison, na Lagoa, onde se encontra hoje a Academia Velox. Lá todo mundo da Luta Livre treinava. Era um espaço bom, um dojo enorme, com ringue, era no terraço da academia. Treinava lá com eles, havia horários pela tarde e anoite. Esse horário da tarde era para adolescentes, o mestre Eugênio me levou, lá eu comecei a treinar mesmo, tinha gente do meu peso, garotos como eu. Depois o mestre Eugênio foi para a Urca e eu fui junto. Lá na Urca era a Cecam, o mestre Eugênio tinha um verdadeiro exército de lutadores. Se naquela existisse o MMA da forma como vemos atualmente o mestre Eugênio certamente teria a melhor equipe de MMA. Porque ali, sem demagogia tínhamos os melhores lutadores de chão. Éramos campões de tudo na Luta Livre, ele como professor, como treinador, como mestre era uma coisa absurda.
9.       SÓ CASCA !  – E a sua vida nas competições como foi um pouco assim dessa história?
10.    MESTRE CROMADO – Foi boa graças a Deus eu nunca perdi, lutei com os melhores que havia na minha época, lutei com Joil, lutei com o Cacareco, com essa galera toda que era da minha geração, ganhei deles todos. Mestre Eugênio tinha uma coisa muito boa, hoje em dia não tem, hoje as pessoas vendem faixa. As pessoas pedem faixa, obrigam o professor a dar a faixa, compram a faixa e o mestre Eugênio tinha a coisa tipo “Cromado você quer a faixa? Tem que lutar!”, assim todas as minhas faixa conquistei literalmente lutando campeonatos. Posso garantir que só na faixa amarela, a primeira, fiquei três quatro anos, na laranja, a mesma coisa, na azul, 5 e sempre foi assim... fui amadurecendo nas faixas, a Luta Livre tinha aquela coisa, o faixa azul tinha que fazer igual para igual de faixa marrom, roxa de jiu-jitsu. Porque na nossa graduação as faixas amarela e laranja eram atribuídas até aos adultos, diferente do jiu-jitsu onde isso só valia para os menores de idade. Acabei me tornando sparing deles, meu mestre, por exemplo, eu treinava com eles e por isso aprendi muito. Os outros caras eram muito pesados, Hugo, Denílson, já o mestre Eugênio sempre pesou 70, 80 quilos, os alunos dele terminavam sendo sparing dele.
11.    SÓ CASCA !  – O senhor lutou MMA no exterior também...
12.    MESTRE CROMADO – Lutei no Japão contra minha vontade, mas eu tinha que aprender, tinha que ensinar meus alunos, tive que entrar dentro do quadrado, não sou contra, mas...
13.    SÓ CASCA !  – Qual era o evento?
14.    MESTRE CROMADO – Era o Shooto, onde lutou o Dedé, o Rafael Cordeiro...
15.    SÓ CASCA !  – Como foi esta experiência?
16.    MESTRE CROMADO – Ótima, aprendi coisas boas, eu absorvi coisas boas de forma de luta, de  treinamento, de perda de peso, de estratégia. Lutei contra Caol Uno, em 2000 no Japão.
17.    SÓ CASCA !  – Ele era lutador de quê?
18.    MESTRE CROMADO – Cara, no Japão não tinha muito essa divisão, eles sempre fizeram cross training, sempre fizeram wrestling e tudo mais, eles não tem aquela coisa de defendo essa bandeira, tirando o Enokio, e um outro que dá muitas palestres de jiu-jitsu, eles rodam em muitas academias treinando wrestling, jiu-jitsu, judô, boxe, tudo que você possa imaginar. Estreei com o Caol Uno, na época tinha umas 16 lutas, graças a Deus eu estreei ganhei dele, fui o primeiro lutador do mundo a finalizar o Caol Uno que nunca tinha sido finalizado.
19.    SÓ CASCA !  – Finalizou como?
20.    MESTRE CROMADO – Finalizei em nossa melhor finalização da Luta Livre, a guilhotina. Graças a Deus nossa modalidade tem essa coisa boa de ataque de torções em pescoço, triangulo de mão, chave de pé, americana, são golpes diretos nossos. Golpes que existem há anos, não tem como o cara falar que inventou, se você observar na história das lutas antigas, já haviam triangulo de mão, invertido, de tudo que é maneira, por exemplo. Então eu consegui finalizado na guilhotina.
21.    SÓ CASCA !  – Ela é chamada também de valentona também não é? Já vi gente na luta livre chamando a guilhotina de valentona.
22.    MESTRE CROMADO – Não, sempre conheci como guilhotina. Imagino que tenho ouvido, porque hoje em dia o pessoal tem posto nome mesmo nos golpes. Para mim americana é americana, eu aprendi a americana invertida como francesa que no caso é kimura, chave de perna, o leg-locke, a reta, calcanhar hoje em dia vão se pondo vários nomes, usando as traduções para o inglês. A gente que é lá de trás usa os nomes de origem, não é que eu seja velho. Aprendi com pessoas que faziam o feijão com o arroz e era o que matava a fome, o que era efetivo, eficiente. Não significa ignorar as coisas novas eu sempre estou atento a coisas novas, mas relativamente a essas nomenclaturas eu não invento.
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23.    SÓ CASCA !  – Mestre, agora pouco não sei se compreendi direito, ao se referir a sua luta no exterior o senhor pareceu-me que foi um pouco contra vontade ou compreendi mal?

24.    MESTRE CROMADO – É cara não gostava muito de MMA, de vale-tudo. Não era minha praia, não era uma coisa que eu queria para mim naquela época. Trabalhava paralelamente como modelo e não queria porque ganhava mais dinheiro como modelo, as coisas iam bem na moda. Todavia, como havia o pedido de alguns alunos meus para começar a lutar e treinar MMA, eles estavam realmente insistindo em cima do Pequeno, querendo que eu lutasse, naquela época eu já não tinha mais o mestre Eugênio Tadeu, não tinha treinador.


25.    SÓ CASCA !  – O senhor já era mestre?

26.    MESTRE CROMADO – Não, não era mestre. Hoje eu não me considero mestre, me considero um professor. Apesar de ter minha faixa preta e meu 5º Dan, porque eu ainda estou aprendendo. Quando eu passar dos meus 50 anos quem sabe?


27.    SÓ CASCA !  – Mas a preta o senhor pegou com quantos anos?

28.    MESTRE CROMADO – Peguei a preta em 1996.
29.    SÓ CASCA !  – Com o mestre Eugênio Tadeu?
30.    MESTRE CROMADO – Com o mestre Eugênio, eu devia ter uns 19 ou 18 anos. Todos as faixas que peguei são documentadas. Lembro ao pegar minha faixa preta ganhei um destaque na Revista Tatame, porque em um campeonato brasileiro que houve no Clube América eu finalizei 3 ou 4. A Marrom ou a roxa, na revista do Joil foi a mesma coisa.
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31.    SÓ CASCA !  – Mestre, nem todas as pessoas que leem o Só Casca! compreendem muito bem determinados detalhes que diferenciam as artes marciais, o senhor poderia esclarecer aos leitores a diferença entre o wrestlling,  greco-romana, luta olímpica e a luta livre?

32.    MESTRE CROMADO – Realmente as pessoas confundem, não é sem razão. A diferença geral é quanto aos tipos de quedas permitidas, lógico, também as finalizações. No caso da Greco as quedas só podem ser da cintura para cima, não é permitido usar as pernas; na Luta Olímpica, pode ser usado o corpo todo para as quedas, como atacar as pernas do adversário e nessas duas modalidades conta pontos por as costas do adversário no chão.  No Wrestlling, vale quedas de um modo geral, só que o objetivo, além de derrubar o adversário, é também de colocá-lo fora do circulo de delimitação da arena de luta. Na Luta Livre Esportiva na qual eu sou graduado junto com esta galera do Mestre Eugênio, Mestre Tatu podemos trabalhar com as costas no chão, o que hoje em dia chamam de submission que vem ser uma competição esportiva; não uma modalidade de arte marcial. O nome submission foi criado pelo Sheike Tahnoon Bin Zayed lá em Abu Dhabi. Já a Luta Livre esportiva você trabalha com a submissão, pode desenvolver a luta no chão. É aquela coisa a diferença do jiu-jitsu para o judô, no judô você dá a queda e tem 15 ou 30 segundos para você trabalhar com o chão. Não é isso? No jiu-jitsu, não, você começa em cima e pode desenvolver no chão o tempo todo. Basicamente essas diferenças.


33.    SÓ CASCA !  – O senhor falou que foi modelo, além da Luta e da atividade como modelo teve outros empregos na vida? Fale um pouco sobre isso...

34.    MESTRE CROMADO – Graças a Deus eu sempre trabalhei, desde meus 13 anos trabalho.  Fora do mundo da luta, porque desde a faixa azul meu mestre Eugênio Tadeu sempre reservava um horário para eu ter meu dinheirinho dando aulas, já sonhei em ser mecânico. Como em Botafogo tinha muita oficina e minha mãe trabalhava como cozinheira de uma grande empresa, a Volkswagen eu vivia lá dentro, cismava que queria ser mecânico, sempre dentro das oficinas querendo aprender alguma coisa, até hoje sei me virar um pouquinho. Só era uma fantasia de uma criança de 10 anos, dali trabalhei em locadora fazendo entregas...


35.    SÓ CASCA !  – Paralelamente treinando...

36.    MESTRE CROMADO – Sempre, sempre treinando, sempre quis ter minhas coisas, ter minha vida honesta e independente, minha mãe me educou dessa forma. Procurei essas referências dos mestres que já te mencionei, hoje eu falo eles foram como meus pais, o João Bosco, Eugênio Tadeu e hoje em dia tem meu paizão que é o Renato de Almeida Gomes que o presidente da Escola de Samba São Clemente trato ele como meu pai, pessoa que me ensinou a ter essa cabeça no lugar, a ter porte, a ter disciplina, por mais que ele não tenha sido lutador me orientou a tentar me destacar. As coisas estão indo na direção certa, estão acontecendo.
37.    SÓ CASCA !  – Mas, patrocínio mesmo o senhor nunca viveu disso?
38.    MESTRE CROMADO – Acho que até hoje em dia é difícil, são pouquíssimos Lutadores que vivem disso. No passado não existia, hoje melhorou muito pouco nesse sentido.
39.    SÓ CASCA !  – Mestre, estou enganado ou os torneios de Luta Livre são menos organizados que os de Jiu-Jitsu?
40.    MESTRE CROMADO – É porque nossa federação não tão forte. Hoje em dia, não sei se você sabe, mas várias pessoas estão querendo abrir federações de Luta Livre. Só que abrir uma federação não é tão fácil assim, existe uma coisa chamada CNPJ. Então conseguir isso não é tão fácil, há  toda uma burocracia, a única que cumpre essas formalidade é do mestre Daniel D´dane, a Federação de Luta Livre e Submission do Estado do Rio de Janeiro, ela é também internacional. Por incrível que pareça a Luta Livre fora, no exterior, na Europa ela é mais organizada que aqui no Brasil onde tudo começou. Na Alemanha tem bons campeonatos assim como na França com o Peroba... com tudo, organizado. Aqui? Não... há aquela coisa você é de uma federação você é de outra. Eu particularmente faço parte da Luta Livre, aonde tiver coisa bem organizada, onde vejo que podemos trabalhar  de uma forma correta, onde vai ser de igual para igual, Equipe do Cromado lá junto com a do Zezinho da comunidade x, não tem essa de coisa de fulano ter prestigio ou não, quer dizer, sem favorecimento, vou estar junto. Não estarei presente e me afasto quando percebo que o evento é organizado para prestigiar a equipe do organizador e de seus amigos. Hoje em dia eu participo muito do campeonato do Gavazza, ele é da Federação de Jiu-Jitsu. Este campeonato se chamava NO-GIM Jiu-Jitsu sem Kimono, depois entramos na história para ele mudar esse nome, junto com o Daniel D´dane participamos dos torneios que passou a se chamar Risc Internacional Submission, a nossa equipe RFT já há três anos é a melhor equipe, campeã por equipe.
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41.    SÓ CASCA !  – Esse torneio lá no Clube Municipal na Tijuca?

42.    MESTRE CROMADO – Isso lá no Municipal. São portanto, três anos seguidos como melhor equipe do torneio, 2011, 2012 e 2013.  Veja, bem, isso organizado pela Federação de Jiu-Jitsu, supervisionado pelo árbitros da mesma federação. Não existe aquela coisa de bairrismo jiu-jitsu e luta livre.


43.    SÓ CASCA ! – O pessoal de jiu-jitsu luta também esse torneio, não é?

44.    MESTRE CROMADO  - Por incrível que pareça, nesses últimos anos os três primeiros colocados foram gente da luta livre, alunos da RFT, do Aritano e Alexandre Ceotto. Então quer dizer, hoje em dia nós estamos crescendo muito tá vindo muita gente boa, Alexandre Ceotto, está fazendo bom em Niterói, Aritano fazendo um trabalho bom, o próprio Robinson Helman fazendo trabalho bom, pessoal de Manaus, de Angra, da Ilha do Governador com o Cacareco.


45.    SÓ CASCA !  – Esse torneio Risc Submission, já tem  data marcada para este ano?

46.    MESTRE CROMADO – Este ano terá, só que ainda não há data certa, fui até numa reunião recentemente. Como te falei eu quero ajudar em alguma coisa, quando houver o chamado posso garantir que a RFT estará lá presente.
47.    SÓ CASCA !  – A RFT, fale sobre ela, como surgiu, quanto tempo tem, quais são os atletas que destacaria.
48.    MESTRE CROMADO – Nossa equipe tem muito tempo. As pessoas acham que tem pouco tempo.
49.    SÓ CASCA !  – Foi o senhor que fundou?
50.    MESTRE CROMADO – Fui eu. Ao conquistar minha faixa preta com o Mestre Eugênio, tinha lá meus 17 para 18 anos fui para cumprir o serviço militar, de lá, quando fui dispensado, abri minha equipe em 1997. Ela se chamava M Cromado, até hoje guardo recortes e camisas da época. Esse nome involuntariamente causou alguns contratempos inesperados.  Trabalhava com moda e meu nome artístico era Márcio Cromado, pertencia ao quadro de modelos da Elite, uma grande empresa conhecida até no exterior. Lá eles começaram a me perturbar, porque era no auge das brigas de rua com lutadores, da rivalidade de jiu-jitsu e luta livre. Na agência eles reclamavam “pô, Cromado, teu nome está sendo associado a isso, então não vai ficar legal, você vai perder trabalho”. Realmente fui um pouco prejudicado por causa disso. Daí achei melhor em 2000, quando comecei a lutar MMA profissional no Japão, quando já tinha minha equipe, a mudar o nome.
51.    SÓ CASCA !  – A sede era aqui na São João Batista?
52.    MESTRE CROMADO – Não, ficava aqui perto na General Polidoro, academia Esporte Físico. Minto, comecei em Laranjeiras, numa academia lá na Rua das Laranjeiras, academia que hoje é do Rafael Carino. De lá sim fui para Rua General Polidoro e em seguida fui para Academia FisioLabor, mas nesta já havia o nome RFT.
53.    SÓ CASCA !  – Essa abreviação significa?
54.    MESTRE CROMADO – Renovação Fight Team, vou te explicar por que, tinha essa coisa de meu nome associado, estava perdendo trabalho e também tinha um outro lado. Eu sempre tive muita gente lutando em prol ao meu nome, achei por isso ser egoísmo haver só o meu nome se chamada só Cromado. Aqui é uma equipe, um ajuda o outro, foi no auge da BTT da Chute Boxe, daí pensei o óbvio, somos uma nova geração, uma vanguarda, uma renovação da Luta Livre, pronto nasceu o nome. Assim a coisa foi crescendo, hoje em dia a RFT tem 13 ou 15 anos estamos trabalhando de igual para igual com  todo mundo, fomos anos passado escolhida como a quarta melhor equipe de MMA do Brasil, então eu acho que a coisa está ficando maneira.
55.    SÓ CASCA !  – Hoje em dia quem são os seus destaques de atletas?
56.    MESTRE CROMADO – Tem vários, Luís Besouro, que participou do TUF Brasil, tem o irmão dele que é invicto o Gustavo Gugu; Leo Chocolate; Luciano Azevedo; Felipe Borges; Juliano Jabá, são pessoas que estão comigo há anos, estou aqui graças a eles; Cirilo Padilha que vive nos Estados Unidos.
57.    SÓ CASCA !  – Tudo cria da casa...
58.    MESTRE CROMADO – Sim todos prata da casa, tem ainda o Sem Chance que está no UFC; Betão; Junior PQD; Jorge Blade, também invicto; Daniel; Sérgio Junior; tem muita gente; Vitinho. Uma galera vindo, Beth Tavares, Daniel Gil...
59.    SÓ CASCA !  – No mundo da luta, nesse seu tempo de artes marciais quem é ou são as pessoas que o senhor citaria como exemplo e por quê? Pessoas que devem ser lembradas na sua opinião.
60.    MESTRE CROMADO – Cara, eu fico chateado porque as pessoas não falam muito do passado. Nós devemos tudo ao nosso passado. No caso, quem é nosso passado, é o Fausto Brunocilla, é o Tatu, é o Carlinhos Brunocillo, Hélio Gracie, o Carlson Gracie, Hugo Durte, Eugênio Tadeu, Denilson, Marco Ruas, Marcelo Behring, Pinduca, Flávio Molina, Luís Alves. Então não é um são vários nomes que devem ser lembrados, cito ainda o Rickson, o Royller, gente que fez a luta acontecer no Brasil.
61.    SÓ CASCA !  – Mas, no seu convívio mais restritamente pessoal, mestre, quem citaria, exemplo?
62.    MESTRE CROMADO – Um exemplo muito grande, não é da luta livre, tento seguí-lo da melhor maneira possível, não é média e não é de agora não, desde pequeno tive contato com ele no judô, quando era faixa laranja, ele treinava na ABB Lagoa, refiro-me ao André Pederneiras. Para mim um dos maiores líderes de luta, não vou falar só de jiu-jitsu, porque estou falando de luta de um modo geral, até mesmo porque ele é muito mais conhecido como treinador como treinador de MMA. É um cara que ajuda, dá oportunidade, respeita, vive na vida dele, tem caráter, uma pessoa que tá ali na dele. Sei que ele ajuda várias pessoas, auxiliou vários amigos meus de infância lá da Comunidade do Morro Azul, deu oportunidade ao Zé Aldo que veio de Manaus dormia no tatame, o Toni Mendigo, Loro, Xaolim, muita gente da melhor qualidade. Muitos dos caras que ele formou trabalham dentro da academia dele, dando aula ou na parte administrativa, contábil, em alguma coisa lá dentro da academia dele ele arranja um espaço. Tem uma coisa muito boa e rara de ajudar o próximo. Por isso eu cito ele, sem falar que profissionalmente é um dos maiores estrategista, treinadores e homem.
63.    SÓ CASCA !  – Uma última pergunta, o que o senhor diria, com base em sua experiência de vida pessoal, sua experiência como lutador, para aqueles com um grande desafio pela frente, não estou falando só de uma luta, mas de vida, desafios gerais da vida, qual seria sua mensagem de superação, mensagem de um Casca Grossa, não só para lutadores, como também para pessoas comuns frente as dificuldades? Enfim o quê é necessário para enfrentar um grande desafio na vida?
64.    MESTRE CROMADO – A gente tem que ter gratidão, caráter e não desistir nunca. Não adianta nada se você não tiver caráter, generosidade de reconhecer quem te ajudou lá atrás. Sei que no futuro eu vou conquistar meu sonho, ainda não conquistei nada e eu não vou desistir. Como você falou não é só na luta, em qualquer outra profissão, na vida, não adianta você ter talento, se você não tem disciplina, determinação. Se você tiver essas coisas você já é um campeão.
65.    SÓ CASCA !  – Quem quiser dar um treino de alto nível de luta livre esportiva onde ir?
66.    MESTRE CROMADO – Amigo, nossa sede fica na rua São João Batista, 90, Botafogo http://www.rft.com.br/br/


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